Te encorajo a ler até o final.É um texto muito lindo.
Era uma vez, uma vila de pequenas pessoas de madeira feitas por um carpinteiro chamado Eli. Essas pessoas eram chamadas de xulingos. Cada xilungo era diferente um do outro. Uns tinham narizes bem grandes, outros tinham olhos enormes. Alguns eram altos, e outros bem baixinhos.
Cada xulingo tinha uma caixa com adesivos de estrelas douradas e adesivos de bolinhas pretas. Todos eles saiam pela vila colocando adesivos de estrelas ou de bolinhas uns nos outros. Os bonitos ganhavam estrelas. Os xulingos com a madeira áspera ou com a pintura descascada ganhavam bolinhas.
Os xulingos que tinham algum talento também ganhavam estrelas. Alguns tinham habilidades para pular sobre altas caixas ou podiam cantar muito bem, eles ganhavam muitas estrelas por isso. Outros que não conseguiam fazer todas essas coisas, ganhavam bolinhas.
O garoto Marcinelo era um desses. Ele tentava pular bem alto como os outros, mas sempre caia. Por isso os xulingos davam a ele adesivos de bolinha. Aí, quando ele tentava explicar porque tinha caído, dizia algo bobo e os xulingos colocavam mais bolinhas nele.
- Ele merece muitas bolinhas – algumas pessoas de madeira diziam.
E Depois de algum tempo, Marcinelo acreditou neles: “eu acho que não sou um bom xulingo” pensou ele. Então Marcinelo ficava sozinho dentro de casa a maior parte do tempo. Quando ele saia se juntava a outros xulingos que também tinham muitas bolinhas e isso fazia ele se sentir melhor.
Certo dia, Marcinelo encontrou uma xulinga diferente de todas que ele conhecia. Era uma garota chamada Lucia. Ela não tinha nem estrelas e nem bolinhas. Os xulingos admiravam Lucia por não ter bolinhas, então davam a ela estrelas, mas todas elas caiam no chão. Outros davam bolinhas por ela não ter estrelas, mas as bolinhas também caiam. Os adesivos não ficavam nela.
“É assim que eu quero ser”, pensou Marcinelo. Então, ele perguntou à Lucia como é que ela conseguia ficar sem estrelas e nem bolinhas
- É fácil! – respondeu Lúcia – todos os dias, vou visitar Eli, o carpinteiro.
- Por quê?
- Você vai saber quando for vê-lo. Suba o morro. Ele está lá em cima – e dizendo isso, virou e foi embora, saltitando.
- Mas será que ele vai querer me ver? – se perguntava Marcinelo.
Mais tarde em sua casa ele sentou-se junto à janela e observou toda aquela gente de madeira andando de um lado para outro, colando estrelas e bolinhas uns nos outros.
- Isso não é certo. – disse ele baixinho para si mesmo.
Então ele decidiu ir ver Eli.
Marcinelo subiu pelo caminho estreito até o alto do morro e entrou na enorme oficina. Seus olhos de madeira se arregalaram com o tamanho das coisas. O banco e a mesa onde Eli estava trabalhando era tão grande quanto o próprio Eli. Marcinelo teve que ficar nas pontas dos pés para tentar vê-lo. Ele engoliu em seco e com medo pensou “eu não vou ficar aqui!” e virou-se para ir embora.
Foi então que ouviu alguém dizer seu nome.
- Marcinelo? – a voz era profunda e forte.
Marcinelo parou.
- Marcinelo! Como é bom ver você! Chegue mais perto, deixe-me olhar para você!
Marcinelo olhou para cima.
- Você sabe o meu nome? – perguntou o pequeno xulingo.
- É claro que sei. Fui eu que fiz você.
Eli o pegou e o sentou em sua mesa.
- Huummm! – disse pensativo o carpinteiro, olhando para todas aquelas bolinhas pretas. – Parece que você recebeu muitos adesivos ruins.
- Eu não queria que isso acontecesse. Eli, eu me esforcei para ganhar estrelas.
- Você não precisa se defender comigo, amiguinho. Eu não me importo com o que os outros xulingos pensam.
- Não?
- Não, e você também não deveria. O que eles pensam não importa, tudo o que importa é o que eu penso. E eu penso que você é muito especial.
Marcinelo deu uma risada.
- Eu, especial? Por quê? Não sou talentoso. Minha pintura está descascando. Por que você se importa comigo?
Eli olhou para Marcinelo, colocou suas mãos enormes naqueles pequenos ombros de madeira, e disse bem devagarinho:
- Porque você é meu. Por isso, você é tão especial para mim.
Marcinelo nem sabia o que dizer.
- Tenho esperado por você todos esses dias – disse Eli.
– Eu vim porque encontrei Lucia. – Disse Marcinelo - Por que os adesivos não colam nela?
O carpinteiro falou docemente:
- Porque ela decidiu que o que eu penso é mais importante do que o que os outros pensam. Os adesivos só colam em você se você deixar que colem.
- O quê?
- Os adesivos só colam em você se você se importar com eles. Quanto mais você confia no meu amor, menos você vai se importar com os adesivos dos xulingos.
- Não sei se entendi direito.
Eli sorriu e disse:
- Você vai entender, mas isso levará um pouco de tempo. Venha me ver todos os dias e eu vou lhe lembrar o quanto eu me importo com você.
Eli levantou Marcinelo da mesa e o colocou no chão.
- Lembre-se – disse Eli quando Marcinelo saía pela porta, - Você é especial porque eu o fiz. E eu nunca cometo erros.
Marcinelo não parou, mas lá no fundo de seu coração pensou: “acho que ele realmente me ama“. E nessa hora uma das suas bolinhas caiu ao chão
(Max Lucado)
Fonte:http://lidi-avancando.blogspot.com.br/